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terça-feira, 29 de junho de 2010

EU PATRÃO OU EU SERVO


Cada um de nós tem uma forma de ser e de estar na vida.
Este título indica dois modos extremos de estar na vida, contrários.
A sociedade de hoje convida a pessoa a estar na vida como um “Eu patrão”.
Eu penso, eu posso, eu quero, eu mando, eu gosto, eu faço, eu vou, eu sigo…
Sou dono de mim mesmo… Sou senhor de mim mesmo…
Sou o deus de mim mesmo…
Não me interessa o que Deus manda, o que agrada a Deus…
Não me interessa os direitos dos outros…
Sigo os meus caprichos, os meus apetites, os meus desejos, sigo a minha vontade, o que me agrada…
Penso que sou livre e faço o que me apetece, o que me agrada, o que me convém…
Este é um “EU PATRÃO” que vai entrar em conflito com a vontade de Deus e com os direitos dos outros e até, com a minha dignidade humana…
Pois se fizer só o que me agrada, o que me apetece, o que me convém… corro o risco de me degradar até a mim mesmo.
Este é uma forma arrogante, orgulhosa, soberba de estar na vida…
Muito diferente da mentalidade do evangelho…
O evangelho diz-nos que devemos ter um “EU SERVO”, servidor, obediente, ser uma pessoa que serve, que é humilde, simples, manso, generoso, bom…
Cristo veio servir, não veio mandar…
Maria foi a “serva” do Senhor…
Cristo não foi “patrão”, não mandou. Obedeceu…
Não fez a Sua vontade, mas a vontade de Deus…
Foi humilde, manso, simples, bom…
O modelo do cristão é Jesus Cristo… Não é o mundo… a Carne…
O “EU PATRÃO”, traz luta, conflito, guerras, rupturas, desavenças com os outros, pecado, tristeza, dor, sofrimento, infelicidade, desgraça, perdição…
O “EU SERVO” traz paz, harmonia, bem-estar, sossego, tranquilidade, santidade, virtude, felicidade, alegria, graça, salvação.
A ti meu irmão que me lês, medita,
pensa na forma como estás a viver e a ser…
Se estás a ser um “EU DE PATRÃO” ou um “EU DE SERVO”?
Olha para Jesus… Olha para Maria… Olha para os santos e aprende a viver servindo na mansidão, na humildade, na simplicidade.
Deixa a soberba, a arrogância, a vaidade, os caprichos e imita Jesus.
A Tua vida terá outro sabor… Outra cor… E serás muito mais feliz…
Que Deus Te abençoe neste dia do martírio de S. Pedro e de S. Paulo

P. Albano Nogueira

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL

albanosousanogueira@sapo.pt
http://deixadeusentrar.blogspot.com

Neste Ano Sacerdotal olhámos para Cristo Sacerdote: só Ele faz a ponte entre o Coração de Deus e a humanidade peregrina pela vida.
No meio de tantos vazios de sentido e de futuro, entre concepções demasiado sociais da Igreja, é preciso anunciar a novidade guardada por Deus para nós: Jesus Cristo abre um futuro de plenitude para o homem e vive na Igreja para oferecer a comunhão eterna com Deus.
Cristo Sacerdote continua a procurar os homens imersos nas suas debilidades e feridas, a chamar à união numa só família, a iluminar com a clareza da verdade definitiva.
Por isso, os seus gestos e a sua palavra na vida da Igreja, a força do seu Espírito e a radicalidade do seu amor neste Povo Sacerdotal, são vitais e insubstituíveis no seio do nosso mundo.
Em segundo lugar, olhámos para os ministros do Sacerdócio de Cristo, sacerdotes ao serviço de Cristo, da Igreja e do mundo.
Ao longo do ano, a renovação deste olhar foi um caminho cheio de interpelações, quer para leigos, quer para sacerdotes: olhar de gratidão, olhar de súplica, olhar de conversão.
O Santo Padre começou sempre, tal como em Fátima, por olhar com gratidão e afecto para os sacerdotes: «A todos vós que doastes a vida a Cristo, desejo nesta tarde exprimir o apreço e reconhecimento eclesial. Obrigado pelo vosso testemunho muitas vezes silencioso e nada fácil; obrigado pela vossa fidelidade ao Evangelho e à Igreja» (Discurso do Papa Bento XVI aos Sacerdotes e Consagrados, em 12.05.2010).
Os sacerdotes são, em si próprios, um dom da presença de Cristo que Lhe agradecemos; mas são também inúmeras histórias silenciosas e permanentes de serviço, doação e peregrinação sobrenatural.
Mas à gratidão associou-se sempre a súplica: multiplicaram-se as orações em tantas comunidades, pedindo a força de Deus para a fidelidade dos sacerdotes.
Esta súplica ultrapassa o conhecimento das dificuldades e pecados sacerdotais: trata-se de pedir e colaborar para que o Amor de Cristo seja inteiro e transbordante na vida dos sacerdotes.
Essa é a resposta à exigência de santidade inscrita na vocação de todos os cristãos e, em particular, dos sacerdotes.
A santidade é um desafio de fidelidade integral.
A fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor.
A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote».
Desta fidelidade depende também, em parte, a fecundidade da missão da Igreja.
A gratidão e a súplica são genuínas quando desabrocham em corações abertos à conversão verdadeira e integral.
E esse foi o principal desafio deste Ano Sacerdotal: conversão a Cristo Sacerdote e conversão à forma como Cristo quer os sacerdotes.
O amor de Cristo e da Igreja pelos sacerdotes foi e é um tremendo apelo à autenticidade e santidade sacerdotal.
Terminamos o Ano Sacerdotal mas continuamos o amor sacerdotal. Amar Cristo Sacerdote e amar os ministros do Sacerdócio de Cristo: eis o apelo que perdura para além deste ano, eis o desafio a leigos e sacerdotes empenhados na construção da comunhão eclesial.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

ORAR É ACEITAR

“Senhor, preciso da vossa companhia. Sem ela, nada se pode fazer de bom. Pela vossa misericórdia ajudai-me a continuar aquilo que comecei na minha vida. Dá-me a Tua luz, Senhor, para que veja que aquilo que faço está o bem que queres para mim”.

Ora é ACEITAR-ME
Que significa aceitar-me?
Significa conhecer todas as minhas capacidades, potencialidades e valores; mas conhecer também os meus limites.
Amar o que sou.
Significa também gozar por ser o que sou e como sou:
“Pela graça de Deus sou o que sou”.
Se sou obra de Deus, se Ele mesmo me modelou e pensou em mim desde toda a eternidade, tenho todas as razões para me aceitar e ser feliz. Porque me custa tanto aceitar-me?
Porque invejo ser como os outros?
Invejo o que eles são. Invejo o que eles têm…
Em vez de valorizar o que sou e o que tenho…
Conto, ou história: a água que queria ser fogo.
“Já estou cansada de ser fria e de correr rio abaixo.
Preferia ser formosa e acender entusiasmos. Fazer acender o coração dos namorados. Ser vermelha e quente.
Dizem que eu purifico o que toco, mas o fogo tem uma força mais purificadora. Queria ser fogo e chama”.
Assim pensava a água e decidiu escrever uma carta a Deus para pedir que mudasse a sua identidade, queria ser mudada para fogo. Ser mais forte, mais intensa.
Todas as manhãs a água esperava uma resposta de Deus. Um dia chegou uma carta trazida por uma lancha rápida e deixou cair uma carta muito vermelha.
A água abriu-a e leu a resposta de Deus:
“Querida filha. Respondo à tua carta. Parece que te cansaste de ser água. Tenho pena porque tu não és uma água qualquer. Foi a tua avó água que me baptizou no rio Jordão e eu tinha destinado para cair sobre a cabeça de muitas criancinhas. Tu preparas o caminho para o fogo do Espírito. O meu Espírito não desce a ninguém antes de ser lavado por ti. A água do baptismo aparece sempre antes que o fogo do Espírito”.
Enquanto a água lia a carta, Deus desceu e ficou a seu lado e, cheio de amor e compaixão, contemplou-a em silêncio. A água olhou para si mesma e viu o rosto de Deus nela reflectido. E Deus continuou a sorrir, esperando uma resposta.
A água compreendeu que o privilégio de reflectir o rosto de Deus só o tem a água limpa… Suspirou e disse: Sim, Senhor, serei o Teu espelho. Obrigada!”.
Há pessoas que não gostam de si mesmas. Não gostam de ser como são. Querem mudar de cara, de cabelo, de nariz, de olhos. Mudar a personalidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

PERDÃO, SENHOR


Perdão, Senhor!
Embora bem-intencionado, nem sempre aceitei…
Eu queria ser flor e fui espinho;
Queria ser um sorriso e fui mágoa;
Queria ser luz e fui trevas;
Queria ser estrela e fui eclipse;
Queria ser contentamento e fui tristeza;
Queria ser amigo e fui adversário;
Queria ser força e fui fraqueza;
Queria ser o amanhã e fui o ontem;
Queria ser paz e fui guerra;
Queria ser vida e fui morte;
Queria ser sol e fui escuridão;
Queria ser calma e fui tumulto;
Queria ser sobrenatural e fui terreno;
Queria ser lenitivo (alívio) e fui flagelo;
Queria ser AMOR e fui decepção.
Recebe, Senhor, em Tuas mãos de misericórdia.
E perdão infinito, o gosto amargo
E contrito desta minha oração.
Roque Scnheider, S.J.