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segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

DEUS ESCONDE-SE


DEUS É AQUELE QUE SE ESCONDE

Às vezes as pessoas querem saber quem é Deus.
Eu encontrei uma definição que acho muito interessante:
DEUS É AQUELE QUE SE ESCONDE, Alguém que quer o anonimato, Alguém que se revela indirectamente a quem O procura.
Deus esconde-se na criação, obra maravilhosa da sua iniciativa.
Deus esconde-se na pessoa humana onde vive escondido.
Deus esconde-se na história do Povo Eleito ou Povo Hebreu do Antigo Testamento.
Deus esconde-se ao nascer em forma de criança em Belém da Judeia, há 2010 anos, filho de uma Jovem Maria de Nazaré e Filho de Deus.
Este menino esconde Deus ao longo de 30 anos sendo igual a todos menos no pecado.
Este homem adulto fala revelando Deus, manifesta-O por meio de alguns sinais (milagres, curas), mas só a quem tem fé e nele acredita.

Outros não vão acreditar e vão matá-l'O.
Este Filho de Homem faz milagres e diz às pessoas para não dizerem o que se passou.
Este Homem e Deus ressuscita, mas só se revela aos que nele acreditam e a mais ninguém se revela.
Este Filho de Deus ressuscitado, vai para o Céu e deixa os seus seguidores a continuar a Sua obra - os cristãos.
Este Deus Filho institui a Eucaristia e aí se esconde no pão consagrado...
Faz tudo isto sem impor a Sua presença.
Deus revela-se a que tem fé e também se esconde a quem não tem fé.
Deixa-nos sempre a liberdade para acreditar e dizer "SIM CREIO" ou dizer "Não, não creio.
Deus é assim e é assim que O temos de entender.
Quem quiser quer Deus seja diferente, está a criar um ídolo, um falso Deus.

Pe. Albano Nogueira

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O ROSTO DE DEUS

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Deus é um mistério, que se vislumbra, mas não se vê.
Temos de perceber o “Rosto do Outro” (Deus), que é Transcendente; mas o “Rosto do Outro” nos visita e nos atrai para um êxodo (saída de nós mesmos) até nos encontrarmos com Ele, mas não face a face.
Jesus Cristo de quem vamos celebrar o seu nascimento no Natal é esse Deus que nos visita e se aproxima de nós.
Jesus Cristo, o Verbo encarnado é o Deus tornado visível, mas, ao mesmo tempo, o Deus escondido, silencioso e invisível.
Deus é Aquele que se mostra e que se esconde...
A abertura da pessoa a esse Rosto de Deus convida-nos a descobrir uma certa “não-presença a nós mesmos; uma anterioridade (existe antes de tudo e de todos) que ninguém iniciou.
Deus é uma alteridade radical, é Outro Ser totalmente diferente de nós, inefável (não se pode exprimir por palavras), que não se deixa prender, agarrar, controlar, que marca tudo e tudo envolve; que se deixa evocar pela analogia (comparações).
A analogia revela as limitações para falar de Deus e as desemelhanças daquilo que nós conhecemos.
A analogia é palavra do Silêncio e silêncio da Palavra.
Palavra que evoca o Silêncio de Deus e silêncio porque a Palavra de Deus só se escuta no silêncio, no íntimo, na consciência de cada um.
O Homem pensa e Deus ri –dia um Provérbio judaico.
A teologia deve narrar e falar de Deus contando o amor que nos manifestou em Jesus Cristo e que pense nesse amor maior com a discrição (prudente, modesto, humilde) da analogia, narrando as maravilhas de Deus: “Escura Israel…”.
Escuta Israel as maravilhas que Deus fez em ti.
Ao aproximar-nos do Natal, também eu te quero dizer, meu irmão.
Deixa o ruído, o barulho, as confusões das compras.
Faz silêncio e abre as mãos ao presente que Deus te quer dar gratuitamente em cada Natal e em cada dia: o Seu Filho Jesus Cristo.

Bruno Forte

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

1- A teologia nos contextos da história

albanosousanogueira@sapo.pt
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Teologia é a ciência que estuda DEUS...

O mundo de hoje é como uma aldeia: tudo se sabe, tudo se conhece.
A teologia quer falar de Deus a este mundo dito pós-moderno.
a) O mundo de hoje é um mundo emancipado, independente de Deus e da religião, preocupado apenas com o valor dado à razão humana, ao seu pensamento, vendo Deus quase como um adversário.
Como dizia Nietzsche, Deus tinha desaparecido da sociedade porque o Homem o tinha morto. Nós o matámos.
Nós e vós…
Todos somos os assassinos de Deus…
Mas como podemos esvaziar o mar?
Quem nos deu a esponja para limpar o céu?
Andaremos errando num nada infinito?
Não faz mais frio?
Não vedes que a obscuridade aumenta cada vez mais?
Não está sendo necessário acender lanternas ao meio dia?
Não escutamos o ruído dos coveiros que estão a enterrar Deus?
Deus morreu e fomos nós que O matámos.
Como nos consolaremos nós, assassinos entre assassinos?
Muitos pensadores dizem que a razão humana entende tudo e tudo é acessível à razão, ao pensamento humano.
b) Por outro lado, vai aparecendo noutros pensadores a sensação de que a razão humana tem limites e é uma presunção (vaidade) a razão dizer-se emancipada.
Basta ver as falhas e os fracassos históricos e pergunta-se: de quem é a culpa?
Guerras mundiais, conflitos regionais, fomes, terrorismo, insegurança, miséria, droga.
A razão moderna não é tudo, mas tem dificuldades em reconhecer a sua culpa.
Há muito sofrimento dos vencidos que denuncia o triunfo dos vencedores.
O mundo sem Deus pode ser comparado a um eclipse do sol: tudo parece negro, escuro, cinzento, moribundo, anoitecendo, aborrecido
c) Perante os fracassos da razão humana em tantas situações da história, pergunta-se “para que servem os poetas em tempo de pobreza?”
O nosso tempo moderno é o tempo das crises, do pensamento débil, crise das ideologias, um mundo vazio de esperança que leva a recordar, tantas vezes, o valor do passado.
d) Perante o limite e fracasso da razão humana em tantos campos, pode surgir uma nova figura além do ser humano: o Outro, a Alteridade, o Totalmente Outro (Deus) que surge como a Origem sem origem e fim sem fim que não se reduz àquilo que nós conhecemos de material (por isso é totalmente diferente do que existe, totalmente Outro).

continua
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(Bruno Forte, teólogo italiano)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DEUS E O HOMEM

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Deus é uma realidade, um ser de que os Homens religiosos falam quando o conhecimento humano fracassa, quando fracassam as forças humanas e chegam aos seus limites.
Ou seja, quando os humanos conhecem mais ou têm mais força, parece que Deus já não se torna necessário.
Esta é uma forma imperfeita de falar de Deus por causa dos limites humanos, como se Deus só fizesse falta enquanto os humanos não resolvessem os problemas.
Deus deve ser falado e entendido não nos limites, mas no centro; não nas fraquezas, mas na força; não na hora da morte e da culpa, mas na vida e no bom que há na pessoa.
A Igreja não pode ser vista como uma realidade presente onde fracassa a capacidade humana, nos limites, mas no meio da aldeia, no meio da vida onde a pessoa se realiza e é feliz.
Esta mentalidade é muito importante para entendermos a necessidade Deus, da religião, e da Igreja Católica.
Para muita gente, Deus só faz falta nas desgraças, nas contrariedades, na morte.
Isso é fazer de Deus um pronto-socorro, um bombeiro e Deus não pode ser visto nessa dimensão.
Isso é uma máscara de Deus, uma visão errada da religião e da Igreja.
A prática religiosa, a crença em Deus deveria ser algo presente em toda a vida da pessoa desde o nascer até ao morrer.
Infelizmente, estamos numa sociedade que pôs Deus à margem da sua vida, Deus tornou-se desnecessário, não faz falta.
Quando muito, recorre-se a Deus no sofrimento, nas doenças, na morte, naquilo que a ciência e a técnica não dominam, nos limites das capacidades humanas, como se a sabedoria e poder humanos ganhassem terreno na mesma proporção em que Deus fosse perdendo terreno.
Esta é uma visão deturpada der Deus.
Deus é a fonte da Vida, a fonte do Amor, a Fonte da Verdade, a Fonte da Salvação e a Fonte do sentido para a vida.
Ou seja, Deus é como a nascente de tudo, a raiz de tudo, o alicerce de tudo, a origem de tudo e sem nascente, sem raiz, sem alicerce, sem origem, como é que os seres e as coisas se sustentam e se compreendem?
Tudo se desmorona, tudo vem abaixo. Por isso, é que vemos a sociedade “vir a baixo”, desmoronar-se, porque perdeu a raiz, o alicerce, o fundamento, na medida em que perdeu a ligação à fonte.
Se cortar com a nascente, a fonte seca.
Se cortar com a raiz, a árvore seca e vem abaixo.
Se tirar o alicerce, o prédio desaba.
Se cortar com a origem, perde-se a ligação ao passado.
Se faltar o fundamento das coisas, tudo perde o seu valor e o seu significado.
Por isso, a vida, o mundo, o universo sem Deus perde o seu fundamento, não se aguenta, desmorona e entra em ruínas, destrói-se…
A ruína, a destruição é o que espera o mundo se se afastar de Deus, da Fonte, da Raiz, do Fundamento, do Alicerce…

(Bruno Forte, teólogo italiano)