Número total de visualizações de páginas

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

DEUS ESCONDE-SE


DEUS É AQUELE QUE SE ESCONDE

Às vezes as pessoas querem saber quem é Deus.
Eu encontrei uma definição que acho muito interessante:
DEUS É AQUELE QUE SE ESCONDE, Alguém que quer o anonimato, Alguém que se revela indirectamente a quem O procura.
Deus esconde-se na criação, obra maravilhosa da sua iniciativa.
Deus esconde-se na pessoa humana onde vive escondido.
Deus esconde-se na história do Povo Eleito ou Povo Hebreu do Antigo Testamento.
Deus esconde-se ao nascer em forma de criança em Belém da Judeia, há 2010 anos, filho de uma Jovem Maria de Nazaré e Filho de Deus.
Este menino esconde Deus ao longo de 30 anos sendo igual a todos menos no pecado.
Este homem adulto fala revelando Deus, manifesta-O por meio de alguns sinais (milagres, curas), mas só a quem tem fé e nele acredita.

Outros não vão acreditar e vão matá-l'O.
Este Filho de Homem faz milagres e diz às pessoas para não dizerem o que se passou.
Este Homem e Deus ressuscita, mas só se revela aos que nele acreditam e a mais ninguém se revela.
Este Filho de Deus ressuscitado, vai para o Céu e deixa os seus seguidores a continuar a Sua obra - os cristãos.
Este Deus Filho institui a Eucaristia e aí se esconde no pão consagrado...
Faz tudo isto sem impor a Sua presença.
Deus revela-se a que tem fé e também se esconde a quem não tem fé.
Deixa-nos sempre a liberdade para acreditar e dizer "SIM CREIO" ou dizer "Não, não creio.
Deus é assim e é assim que O temos de entender.
Quem quiser quer Deus seja diferente, está a criar um ídolo, um falso Deus.

Pe. Albano Nogueira

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O ROSTO DE DEUS

.
Deus é um mistério, que se vislumbra, mas não se vê.
Temos de perceber o “Rosto do Outro” (Deus), que é Transcendente; mas o “Rosto do Outro” nos visita e nos atrai para um êxodo (saída de nós mesmos) até nos encontrarmos com Ele, mas não face a face.
Jesus Cristo de quem vamos celebrar o seu nascimento no Natal é esse Deus que nos visita e se aproxima de nós.
Jesus Cristo, o Verbo encarnado é o Deus tornado visível, mas, ao mesmo tempo, o Deus escondido, silencioso e invisível.
Deus é Aquele que se mostra e que se esconde...
A abertura da pessoa a esse Rosto de Deus convida-nos a descobrir uma certa “não-presença a nós mesmos; uma anterioridade (existe antes de tudo e de todos) que ninguém iniciou.
Deus é uma alteridade radical, é Outro Ser totalmente diferente de nós, inefável (não se pode exprimir por palavras), que não se deixa prender, agarrar, controlar, que marca tudo e tudo envolve; que se deixa evocar pela analogia (comparações).
A analogia revela as limitações para falar de Deus e as desemelhanças daquilo que nós conhecemos.
A analogia é palavra do Silêncio e silêncio da Palavra.
Palavra que evoca o Silêncio de Deus e silêncio porque a Palavra de Deus só se escuta no silêncio, no íntimo, na consciência de cada um.
O Homem pensa e Deus ri –dia um Provérbio judaico.
A teologia deve narrar e falar de Deus contando o amor que nos manifestou em Jesus Cristo e que pense nesse amor maior com a discrição (prudente, modesto, humilde) da analogia, narrando as maravilhas de Deus: “Escura Israel…”.
Escuta Israel as maravilhas que Deus fez em ti.
Ao aproximar-nos do Natal, também eu te quero dizer, meu irmão.
Deixa o ruído, o barulho, as confusões das compras.
Faz silêncio e abre as mãos ao presente que Deus te quer dar gratuitamente em cada Natal e em cada dia: o Seu Filho Jesus Cristo.

Bruno Forte

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

1- A teologia nos contextos da história

albanosousanogueira@sapo.pt
.
Teologia é a ciência que estuda DEUS...

O mundo de hoje é como uma aldeia: tudo se sabe, tudo se conhece.
A teologia quer falar de Deus a este mundo dito pós-moderno.
a) O mundo de hoje é um mundo emancipado, independente de Deus e da religião, preocupado apenas com o valor dado à razão humana, ao seu pensamento, vendo Deus quase como um adversário.
Como dizia Nietzsche, Deus tinha desaparecido da sociedade porque o Homem o tinha morto. Nós o matámos.
Nós e vós…
Todos somos os assassinos de Deus…
Mas como podemos esvaziar o mar?
Quem nos deu a esponja para limpar o céu?
Andaremos errando num nada infinito?
Não faz mais frio?
Não vedes que a obscuridade aumenta cada vez mais?
Não está sendo necessário acender lanternas ao meio dia?
Não escutamos o ruído dos coveiros que estão a enterrar Deus?
Deus morreu e fomos nós que O matámos.
Como nos consolaremos nós, assassinos entre assassinos?
Muitos pensadores dizem que a razão humana entende tudo e tudo é acessível à razão, ao pensamento humano.
b) Por outro lado, vai aparecendo noutros pensadores a sensação de que a razão humana tem limites e é uma presunção (vaidade) a razão dizer-se emancipada.
Basta ver as falhas e os fracassos históricos e pergunta-se: de quem é a culpa?
Guerras mundiais, conflitos regionais, fomes, terrorismo, insegurança, miséria, droga.
A razão moderna não é tudo, mas tem dificuldades em reconhecer a sua culpa.
Há muito sofrimento dos vencidos que denuncia o triunfo dos vencedores.
O mundo sem Deus pode ser comparado a um eclipse do sol: tudo parece negro, escuro, cinzento, moribundo, anoitecendo, aborrecido
c) Perante os fracassos da razão humana em tantas situações da história, pergunta-se “para que servem os poetas em tempo de pobreza?”
O nosso tempo moderno é o tempo das crises, do pensamento débil, crise das ideologias, um mundo vazio de esperança que leva a recordar, tantas vezes, o valor do passado.
d) Perante o limite e fracasso da razão humana em tantos campos, pode surgir uma nova figura além do ser humano: o Outro, a Alteridade, o Totalmente Outro (Deus) que surge como a Origem sem origem e fim sem fim que não se reduz àquilo que nós conhecemos de material (por isso é totalmente diferente do que existe, totalmente Outro).

continua
.
(Bruno Forte, teólogo italiano)

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

DEUS E O HOMEM

+
Deus é uma realidade, um ser de que os Homens religiosos falam quando o conhecimento humano fracassa, quando fracassam as forças humanas e chegam aos seus limites.
Ou seja, quando os humanos conhecem mais ou têm mais força, parece que Deus já não se torna necessário.
Esta é uma forma imperfeita de falar de Deus por causa dos limites humanos, como se Deus só fizesse falta enquanto os humanos não resolvessem os problemas.
Deus deve ser falado e entendido não nos limites, mas no centro; não nas fraquezas, mas na força; não na hora da morte e da culpa, mas na vida e no bom que há na pessoa.
A Igreja não pode ser vista como uma realidade presente onde fracassa a capacidade humana, nos limites, mas no meio da aldeia, no meio da vida onde a pessoa se realiza e é feliz.
Esta mentalidade é muito importante para entendermos a necessidade Deus, da religião, e da Igreja Católica.
Para muita gente, Deus só faz falta nas desgraças, nas contrariedades, na morte.
Isso é fazer de Deus um pronto-socorro, um bombeiro e Deus não pode ser visto nessa dimensão.
Isso é uma máscara de Deus, uma visão errada da religião e da Igreja.
A prática religiosa, a crença em Deus deveria ser algo presente em toda a vida da pessoa desde o nascer até ao morrer.
Infelizmente, estamos numa sociedade que pôs Deus à margem da sua vida, Deus tornou-se desnecessário, não faz falta.
Quando muito, recorre-se a Deus no sofrimento, nas doenças, na morte, naquilo que a ciência e a técnica não dominam, nos limites das capacidades humanas, como se a sabedoria e poder humanos ganhassem terreno na mesma proporção em que Deus fosse perdendo terreno.
Esta é uma visão deturpada der Deus.
Deus é a fonte da Vida, a fonte do Amor, a Fonte da Verdade, a Fonte da Salvação e a Fonte do sentido para a vida.
Ou seja, Deus é como a nascente de tudo, a raiz de tudo, o alicerce de tudo, a origem de tudo e sem nascente, sem raiz, sem alicerce, sem origem, como é que os seres e as coisas se sustentam e se compreendem?
Tudo se desmorona, tudo vem abaixo. Por isso, é que vemos a sociedade “vir a baixo”, desmoronar-se, porque perdeu a raiz, o alicerce, o fundamento, na medida em que perdeu a ligação à fonte.
Se cortar com a nascente, a fonte seca.
Se cortar com a raiz, a árvore seca e vem abaixo.
Se tirar o alicerce, o prédio desaba.
Se cortar com a origem, perde-se a ligação ao passado.
Se faltar o fundamento das coisas, tudo perde o seu valor e o seu significado.
Por isso, a vida, o mundo, o universo sem Deus perde o seu fundamento, não se aguenta, desmorona e entra em ruínas, destrói-se…
A ruína, a destruição é o que espera o mundo se se afastar de Deus, da Fonte, da Raiz, do Fundamento, do Alicerce…

(Bruno Forte, teólogo italiano)

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

ORAÇÃO

albanosousanogueira@sapo.pt
+
Senhor, dá-me CORAGEM para mudar o que pode e deve ser mudado na minha vida.
E há tantas coisas que posso e devo mudar na minha vida.
Posso melhorar o que já faço de bem para fazer e ser mais perfeito…
Posso mudar o que está errado na minha vida: o meu egoísmo, os meus caprichos, a minha vaidade, a minha soberba, a avareza, a luxúria, a ira, a gula, a inveja, a preguiça.
Melhorar a minha atenção na oração;
a minha atenção e ajuda aos outros; a minha melhoria pessoal.
Senhor, ajuda-me a perceber que o primeiro trabalho tem de ser feito por mim em mim.
Eu tenho de trabalhar primeiramente a minha pessoa.
+
Senhor, dá-me SERENIDADE para aceitar o que não pode ser mudado.
Não posso mudar o meu tamanho, a cor do cabelo, a cor dos olhos, a família que tenho, a terra onde nasci.
Não posso mudar o meu passado.
Não posso mudar certas circunstâncias.
Devo aceitar tudo isso com serenidade.
Mas há coisas que não mudam porque não tentamos.
Há coisas possíveis que poderíamos mudar se nos esforçássemos e tentássemos.
Até o nosso feito, o nosso temperamento pode ser melhorado.
+
Senhor, dá-me SABEDORIA para distinguir uma coisa da outra.
Senhor, dá-se sabedoria para distinguir o que posso ou não mudar.
Senhor, dá-me sabedoria para saber distinguir o bem do mal.
Sabedoria para distinguir as boas e as más companhias; os bons e os maus ambientes.
Senhor, lançai o Vosso Espírito Santo sobre mim e iluminai a minha inteligência para eu progredir no caminho da fé e da santidade e vos imitar cada vez mais.
Obrigado, Senhor, porque estás sempre comigo, em todos os momentos da minha vida...

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

REFLEXÕES CATÓLICAS

albanosousanogueira@sapo.pt
--------------------

- É preciso termos mais virtude e mais força para calar do que para falar.
- É mais forte quem perdoa do que quem se vinga.
- Se pusermos o Homem direito, o mundo ficará direito; se o pusermos torto, o mundo ficará torto.
- Quanto mais tortas estiverem as pessoas, mais torto estará o mundo.
- Deus não quer que o Homem seja mau.
Deus quer que o Homem (todos os Homens) seja realmente bom, bom na sua essência, bom por dentro.
Deus é tão nosso amigo que nos deu as mãos, os olhos, os ouvidos, a boca, os pés, o coração, a inteligência, para os usarmos responsavelmente.
Deu-nos a liberdade de usar todos esses dons para o bem ou para o mal.
Bem-aventurado, feliz é a pessoa que tem mãos, pode fazer o mal, mas antes as usa para o seu bem e bem dos outros.
Bem-aventurado, feliz é a pessoa que tem pernas para ir os maus caminhos, mas escolhe ir para os bons caminhos.
Bem-aventurado, feliz é a pessoa que tem boca e pode dizer mal dos outros (que é a coisa mais fácil de fazer neste mundo), mas diz bem de todos e se não tem nada de bom para dizer, sabe calar-se.
Bem-aventurado, feliz é a pessoa que tem olhos para ver o que quer, mas os usa para ver o que é bom.
Bem-aventurado, feliz é a pessoa que tem ouvidos para ouvir tudo, mas afasta os seus ouvidos da crítica, da calúnia, da murmuração.
Bem-aventurado, feliz é a pessoa que tem inteligência e liberdade de fazer o mal, pode fazer o mal, sabe fazer o mal, mas escolhe fazer o bem, o melhor bem, o máximo bem.
Que recompensa ou mérito teríamos se não tivéssemos liberdade de escolhe entre o bem e o mal.
Apenas à pessoa humana, Deus deu a verdadeira liberdade de agir para o bem ou para o mal.
Por isso é que os nossos actos têm valor, porque os fazemos livremente. Deste bom uso da liberdade vem a responsabilidade e a possibilidade da salvação.
Liberdade e responsabilidade devem andar sempre unidas.
Quem é livre também deve ser responsável pelos seus actos livres…
Quando Deus fez o mundo, a terra, a luz, os seres, diz-nos o Génesis, que “Deus viu que isso era bom”.
Mas quando fez o Homem Deus não usou essa expressão. Nada disse.
Como que dando a entender que Deus sabia que o Homem podia se bom e podia ser mau; Deus sabia que o Homem era o único ser que podia ser mau usando a sua liberdade e inteligência para o mal.
No fim de tudo, ao contemplar toda a sua obra, “Deus viu que isso era muito bom”.
É preciso que o Homem seja possivelmente mau, para ser realmente bom.
Jesus Cristo era homem e Deus.
Como homem podia fazer o mal, mas como Deus não podia.
Por isso, Ele foi Santo e Perfeito na Sua liberdade e na Sua obediência.
Maria de Nazaré, Nossa Senhora, foi realmente boa porque como humana podia fazer o mal, mas não o fez.
Tinha mãos, pés, ouvidos, olhos, boca, liberdade, inteligência que podia usar para o mal e não usou.
Pe. Albano Nogueira

QUANDO OS PAIS INVERTEM OS PAPEIS

albanosousanogueira@sapo.pt
-------------------------
1- Pais que dominam os seus filhos de forma sufocante, que os ridicularizam, ou que nunca estão satisfeitos com qualquer realização dos filhos, não geram pessoas seguras.
As filhas podem ser demasiado tímidas e assustadiças se as mães lhes reprimem e negam os esforços que elas fazem para se tornarem independentes.
2- Pai passivo e submisso, que deixa à esposa dominadora e super-exigente a posição de chefe de família, bloqueia o sadio desenvolvimento da personalidade afirmativa.
---------
Tentativa de afirmação que fere - Uma experiência inicial frustrada predispõe para a insegurança.
Angústias, pânico, dores do peito, fadigas, insónias, irritabilidade, falta de interesse pelos filhos- Estes poderão ser sintomas podem surgir tarde na vida de uma pessoa e podem ser fruto de uma longa repressão dos sentimentos de afirmação que reprime até que chega o momento que explode e não os controla mais.
A tensão acumulada, manifesta-se também a nível fisiológico.
O respeito humano aprisiona a afirmação - Desde criança somos ensinados a ser bons e dóceis, dando-se bem com os outros, sem magoar os seus sentimentos, para manter a paz.
Assim, os impulsos necessários e naturais de afirmação reprimem-se e fazem a pessoa insegura.
Nessas alturas, a rebeldia seria bem-vinda e saudável.
--------------
O que se colhe da insegurança - Todo o ser vivo tem um reservatório de energias e potencialidades, mas que são barradas pelo fantasma da insegurança.
A insegurança actua sobre a personalidade e varia de indivíduo para indivíduo, até poder tornar uma pessoa neurótica.
O medo reprimido pode piorar a situação, crescendo e derramando-se em todas as situações da vida.
Como este comportamento não é espontâneo, conservar as máscaras por muito tempo exige esforços que desgastam por demais as energias psíquicas.
O medo não desaparece com a repressão, apenas é sepultado vivo e continuará exercendo toda a sua influência desde o inconsciente e se manifestará mais clamorosamete nos sintomas patológicos.
Na repressão há duas emoções em confronto.
Dá-se a repreensão propriamente dita quando a emoção reprimida fica fora do controle da razão e da vontade.
As emoções podem e necessitam de ser controladas pela inteligência e pela vontade.
(continua)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A INSEGURANÇA INTERIOR

-------------------------------

O que faz a insegurança
.
É doloroso e desconfortável ser vítima da irresolução e da insegurança. Estas pessoas acabam por se odiar a si mesmas e a auto-punir-se.
Se a insegurança é sintoma de neurose, reagir com irritação vem somente alimentar mais a neurose.
Adquire-se segurança à medida que se amadurece, que se distancia o adulto da criança.
Isto é tarefa de toda a vida.
.
Pais que afirmam
.
Toda a pessoa para se sentir segura necessita de ser afirmada desde os primórdios da sua existência.
Se o bebé for deixado por si só não poderá subsistir.
Precisa de alguém que tome conta dele e providencie às suas necessidades.
À medida que o bebé cresce, os seus meios de comunicar-se multiplicam-se: voz, gestos, balbucia, exprime prazer, caminha, procura outras pessoas.
Quando as suas necessidades não são satisfeitas "agora, já", as reacções são de raiva e de ansiedade.
O bebé tem necessidades físicas: de alimento, de calor e de conforto; mas o que mais necessita é de companhia e de sentir que não está sozinho para poder formar a experiência de que é aceite, que é um ser que existe. Dá-se conta disso pelo tacto; mais tarde pelo ouvido, com o qual escuta a voz amável e a vista para reconhecer o acariciante olhar de sua mãe, a cuja ternura ele reponde com uma tentativa de sorriso.
Os dois sentidos a desenvolver-se primeiro são o tacto e o ouvido e já na fase intra-uterina.
O feto já reage com calma e serenidade ou com excitação e nervosismo, conforme o som for sereno e calmo, ou agitado e estridente.
Esta sensação de que não está sozinho é muito importante para o bebé. Sente-se mais firme e mais forte pela satisfação das suas necessidades físicas e psíquicas.
No seu interior vibra a harmonia.
À medida que vai crescendo, vão surgindo novas necessidades e novas potencialidades, tal como a inteligência e a vontade.
Assim ele vai fazendo cada vez mais a consciência de que é amado, com um amor que lhe assegura uma duradoura solicitude e um cuidado efectivo pela sua pessoa.
A não satisfação equilibrada das necessidades do bebé e o não aparecimento da consequente afirmação, vai-o deixando num estado psíquico de insatisfação, de frustração, que envolve todo o seu ser e impregna toda a sua vida emocional com profundo sentimento de inquietação, de irresolução e insegurança.
Essas sensações gravam-se tão profundamente na vida psíquica que continuam a dar as cores a toda a vivência emocional, até na vida adulta, tornando-se aqui uma sensação de incompetência.
A pessoa vê-se crescida fisicamente e até pode ter atingido graus académicos na área intelectiva.
Tem nas suas mãos tarefas e cargos importantes.
São pessoas vistas como adultas e assim são tratadas.
Elas porém dão-se conta da dificuldade em responder aos desafios da realidade.
Vivem muitas vezes torturadas pela angústia da decisão e das responsabilidades.
Hesitação e indecisão são duas constantes nos neuróticos de frustração e de insegurança.
A descontrolada ira dos pais corrói a afirmação dos filhos
- Os pais, como toda e qualquer pessoa, são abalados por acessos de raiva.
Essa raiva descontrolada diante dos filhos tem consequências profundas e, infelizmente, nefastas.
Há casos em que essa raiva não é dirigida aos filhos, mas sim a alguém que lhes é muito querido: mãe, irmão, amigo e isso é suficiente para causar timidez e insegurança.
(continua)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

O ENTUSIASMO DA FÉ

----------------------------------
SERÁ QUE SE PODE CRER EM DEUS SEM ENTUSIASMO?
Não será isso, uma espécie de “anemia espiritual”?
Uma doença da alma e do espírito, a indiferença espiritual.
A fé pode ser um terramoto, não uma sesta.
A fé pode ser um vulcão, não uma rotina.
A fé pode ser uma ferida, não uma crosta.
A fé pode ser uma paixão, não um puro sentimento.
COMO SE PODE CRER DEVERAS
QUE DEUS NOS AMA E NÃO SER FELIZ?
Como podemos pensar no amor total e sem limites de Jesus Cristo sem nos estalar o coração de amor por Ele e pelo Seu Reino?
É o encontro com Cristo na intimidade, na oração, na fé, no amor, na esperança que nos leva a ser de verdade cristãos, apaixonados pela causa de Deus e pela causa do Homem.
As pessoas acreditam nas coisas do mundo com paixão, com entusiasmo, ao passo que muitos cristãos acreditam em Deus sem paixão, sem entusiasmo, sem alegria.
Um cristão deve falar de Deus como um apaixonado e enamorado fala da sua amada.
Não se pode falar da fé em Deus como um conjunto de sacrifícios e renúncias que a fé traz.
Amar a Deus e a Jesus Cristo não pode ser um sacrifício, um fardo que se carrega, um peso.
Tem de ser um “gozo”, uma alegria, uma felicidade, uma libertação.
Claro que, quando se ama a sério, o amor traz sempre alguns sacrifícios, renúncias, mas o que se ganha é muito superior ao que se deixa livremente.
Deus amou-nos primeiro e o cristão católico é chamado a ser testemunha desse amor, mas só o será se estiver cativado, apaixonado por esse mesmo Deus, pelo encontro com Jesus Cristo.

Pe. Albano Nogueira

terça-feira, 26 de outubro de 2010

“DEUS ESTÁ NO MEIO DE NÓS”

albanosousanogueira@sapo.pt
__________________________________

O Deus cristão que é o Deus da Bíblia – Antigo e Novo Testamento, caracteriza-se, entre outras coisas, por duas realidades:
1- O Deus que se comunica connosco para fazer comunhão, união com os humanos -
É o Deus da Aliança: Antiga e Nova Aliança, Antigo e Novo Testamento.
É o Deus da bênção (que diz e faz o bem), é o Deus do Amor e da Misericórdia.
2- O Deus que constrói a Sua Tenda, o Seu Santuário para morar no meio de nós- Antigo Testamento- Êxodo.
O Deus que não está nas nuvens, longe de nós, mas que quis morar no meio do Seu Povo.
Jesus Cristo, é o Deus encarnado, presente no meio de nós (Novo Testamento).
________________________________

O Deus Bíblico – Javé - é
- Aquele que Era (passado),
- Aquele que é (presente) e
- Aquele que será (futuro).

É o Deus vivo e eterno, sem princípio, nem fim.
Na Eucaristia, ao sacerdote que diz: “O Senhor esteja convosco”, respondemos no presente: “Ele está no meio de nós”.
Não só esteve no meio de nós (passado), mas está no meio de nós (no presente, hoje, aqui e agora) e estará até ao fim dos tempos como Jesus prometeu no Evangelho.
Com isto queremos dizer que Jesus Cristo não é apenas uma figura histórica do passado que viveu no meio dos Homens na Palestina, tendo nascido há cerca de 2010 anos, que viveu e morreu.
Mas que, pela sua ressurreição:
- está vivo no meio daqueles que se reúnem em seu nome (Igreja, Assembleia reunida, família reunida para rezar),
- está presente em cada pessoa,
- está presente no sacrário, na hóstia consagrada,
- está presente na Sua Palavra, a Bíblia,
- está presente na pessoa do sacerdote que preside à liturgia e ao culto e que fala e age em nome de Cristo,
- está presente, especialmente nos pobres e nos que mais sofrem no corpo ou na alma.
- está presente em toda a criação e em todas as criaturas que nós admiramos e devemos defender.
____________________________
Isto é fundamental para percebermos quem é o nosso Deus, o Deus cristão, o Deus de Jesus Cristo, o Deus Criador, o Deus da Vida, o Deus Amor.
Está presente para se comunicar connosco, para fazer comunhão connosco, união com os humanos, para que vivam como Filhos muito amados por Deus; e os humanos, por sua vez, tudo deveriam fazer para viverem nessa mesma comunhão entre si, numa fraternidade sem fronteiras, como irmãos uns dos outros.
O Deus que nos REÚNE,
Deveria ser o Deus que nos UNE.
Aquilo que é indicativo de Deus
Deve ser imperativo em nós.
Aquilo que se diz do que Deus É;
É o que se nos manda ser e fazer como um imperativo:
________________________
- Se Deus é Amor, tu tens de amar;
- Se Deus é Vida e gera Vida, tu tens de gerar vida (não apenas biológica, mas também espiritual);
- Se Deus é Comunhão, tu tens de construir comunhão;
- Se Deus é a Misericórdia, tu tens de ser clemente e misericordioso;
- Se Deus o Perdão, tu tens de perdoar.
- Se Deus é a Bondade, tu tens de ser bom.
- Se Deus é Pureza, tu tens de ser puro no coração e nas intenções.
- Se Deus é a Mansidão e a Doçura, tu tens de ser manso e doce.
Etc...
P. Albano Nogueira

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

AS PERGUNTAS DA VIDA

FERNANDO SAVATER, AS PERGUNTAS DA VIDA
---
albanosousanogueira@sapo.pt
---

Viemos num mundo de informação: pelos jornais, rádio, TV, internet, chegam-nos muitas notícias de acontecimentos de todo o mundo. Infelizmente, as notícias mais passadas nos meios de comunicação social (MCS) são as negativas: os crimes, as desgraças, a maldade humana, o lado negro das pessoas e da sociedade.
Perante a informação nós deveríamos perguntar: “que mundo é este em que vivemos?”
Como devemos interpretar a informação que nos chega…
Como devemos comportar-nos numa determinada situação?
Há 3 níveis de entendimento:
A informação que nos apresenta os factos em si mesmos e o que aconteceu.
O conhecimento, que reflecte sobre a informação recebida, nos leva a perceber o que é mais ou menos importante e procura princípios gerais para a ordenar.
A sabedoria que nos ajuda a ligar o conhecimento com as opções vitais ou valores que podem escolher, tentando estabelecer como viver melhor de acordo com o que sabemos.
As ciências modernas dão-nos informação e conhecimento.
Mas isso não é suficiente para viver bem, com opções de vida correcta e com valores.
Precisamos de outros apoios como a filosofia, a teologia, a moral para vivermos de forma sábia, isto é, com sabedoria.
Como diz o ditado, não basta viver.
É preciso saber viver…
Há gente que tem muita informação, muitos conhecimentos, muita cultura intelectual, mas falta-lhe sabedoria de vida, valores, opções de vida correctas.
Há gente com pouca informação, poucos conhecimentos, mas muita sabedoria de vida, muitos valores e opções correctas nas suas vidas.
Uma vida sem reflexão não vale a pena viver.
A pessoa deve fazer perguntas e procurar respostas.
Fazer perguntas sobre coisas essenciais da vida e deve procurar respostas completas e verdadeiras e saber que há muitas respostas falsas para problemas importantes da vida…
Muita gente não pergunta; outros perguntam, mas não procuram respostas.
Aceitam o que todos dizem, sem discutir, sem duvidar.
Hoje é muito importante ensinar as pessoas a pensar.
Educar hoje é também ensinar a pensar e pensar ajuda a pessoa a humanizar-se.
Hoje tanta gente deixou de pensar!...
Vai com as modas, as ondas, na propaganda, na publicidade.
Viver e pensar.
Viver e perguntar.
Viver e responder.
Viver e saber.
SABER VIVER…
Saber viver ao jeito de Jesus Cristo como filho de Deus Pai e irmão de todas as outras pessoas, respeitando os outros e as coisas dos outros.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

AS OITO PALAVRAS

albanosousanogueira@sapo.pt


SORRISO
- Pessoa saudável e feliz, sorri.
Distribua o sorriso com gentileza
-

DIÁLOGO
é a ponte que liga o Eu ao Tu.
Transite por essa ponde do diálogo
-

BONDADE
é flor mais atraente do jardim de um coração
bem cultivado. Plante flores de bondade
-
ALEGRIA
é o perfume gratificante, fruto do dever cumprido.
Irradie alegria no seu ambiente
-

PAZ
de consciência é o melhor travesseiro para um sono tranquilo.
Viva em paz consigo e com os outros
-


é a bússola certa para os navios errantes que buscam
as praias da eternidade. Utilize o dom da fé.
-

ESPERANÇA
é o vento bom que enfuna as velas do seu barco.
Deixe-se conduzir pela esperança.
-
AMOR
é a melhor música da partitura da sua vida.
Sem ele, seremos uns eternos desafinados.


terça-feira, 5 de outubro de 2010

DEUS



A maior falta de fé
É admitir que Deus pode não nos amar

Só Deus é indispensável,
Mas tu podes sempre ser útil.

Tudo o que se faz por Deus é um bem
Tudo o que se faz por Ele redime.

O mundo está cheio de misérias
E Deus está cheio de misericórdia

Quando pedes por ti,
Deus não deixa de te escutar

Quando pedes pelos outros,
Já voltas abençoado

Deus não aceita o amor
De quem não pensa nos outros

Sem Deus, o Homem, seja quem for,
Além de inútil, torna-se perigoso

Quando tudo parece ser tão difícil
É que mais firmemente deves entender
Que Deus nunca falha

Deves entender que Deus sempre nos pede o melhor
E nem sempre nos dá o que é mais agradável.

Por Deus tudo é bom
E qualquer lugar é o melhor

Quem não se põe nas mãos de Deus
Caminha sem direcção

Não importa saber de que lado a corda rebenta
A única coisa que importa saber é de que lado está Deus.


A única coisa que Deus não vê
É o bem que fazemos para ser vistos.

Deus faça com que sigas os teus caminhos
Mais para chegar do que para fugir.

Tudo começa a faltar
Quando os homens acham que Deus não faz falta.

Pe. Orlando Gambi , Missionário Redentorista, Brasil

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

A REALIZAÇÃO PESSOAL (cont)

(continuação do anterior)

A mulher casada que espera sempre um elogio do marido;
o pregador que não descansa enquanto não for elogiado pelos paroquianos, manifestam insegurança.
As pessoas inseguras mendigam afirmação .
Têm necessidade de contar tudo, para serem aprovadas e afirmadas.
As mais ténues observações de crítica ou de repreensão destroem-nas e lançam-nas em alarmante choro.
Assumir e aceitar com calma e coragem ser o alvo ou objecto de piada, de alguma brincadeira de bom humor, é sinal de maturidade.
O bom humor é sinal de equilíbrio.
E levar a vida a sério demais, vendo tudo através de óculos escuros de angústia pessimista e derrotista, é sintoma de desequilíbrio, especificamente de um perfeccionismo sado-masoquista.
----
Na lata do lixo - Há pessoas que se detestam, se rejeitam.
Tão atormentado desejo de rejeição pode ter origem na sua não aceitação pela mãe desde que a pessoa nasceu.
Sentir a rejeição é experimentar a morte, ser incapaz de enfrentar a vida, sentir desamparo e abandono.
A virtude começa no amar-se a si para ter a medida de amar "o seu próximo".
----
Agradar aos outros - A insegurança manifesta-se na necessidade de agradar aos demais por meio de contínuas e inoportunas gentilezas de palavras, de valorização e engrandecimento de alguém considerado mais poderoso e mais importante.
São os aduladores.
São os que pensam que o seu valor está em agradar aos demais.
O adulador, depois da sua acção tem:
- sentimento de culpa;
- é dirigido pela conformidade servil e ignóbil;
- precisa de ouvir as aprovações de alguém; é solitário;
- vive minado e roído pela depressão;
- é incapaz de aceitar homenagens e não acredita em cumprimentos e elogios;
- abdica da própria identidade;
- perito a usar máscaras.

Conservador - progressista ou em cima do muro -
Quando se tem a certeza do sucesso a segurança dá tranquilidade e firmeza no enfrentar as situações da vida e no confronto com as pessoas. Quando não surge o sucesso as pessoas podem ser:
- progressistas, super-confiantes, decididos a soluções rápidas e imediatas. Nada de vacilar.
- Conservadoras, pachorrentas e tímidas.
Lema: devemos ser prudentes, nada de mudar.
Teme o risco da mudança e o confronto com a tomada de decisões.
(continua)

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

A PESSOA INSEGURA

----------------------------------

Perfil psicológico do inseguro =
Manifestações psíquicas da insegurança:
- subservientes e submisso e ao contrário, capaz de manipular superiores e patrões.
- A pessoa insegura é desajeitada e inadequada.
Tem sonhos de omnipotência mágica, infantil e fantasiosa.
Pode ter uma submissão, uma docilidade tão falsa e tão cega que se torna ridícula, mas que lhe serve para comprar atenção e para se impôr.
Pode ser bajuladora para conseguir vantagens.
- Tem fortes dúvidas e inquietantes hesitações por causa dos seus sentimentos e que não demonstra, mas mascara com atitudes de arrogância.
- As críticas alheias desmoronam-na e desconcertam-na por dias e semanas.
Por isso, faz tudo para evitar ser criticada.
A opinião alheia abala-a.
Vive angustiada com o "que dirão os outros".
Como não tem segurança dentro de si, precisa de muletas, que são as opiniões dos outros.
Pode ser também teimosa defendendo o seu minúsculo "eu".
Foge de aniversários ou de homenagens, mas queixa-se amargamente se a esquecem.
- Na relação com as pessoas, é desconfiada, formando uma conduta sentimentalista e cheia de melindres.
Como é insegura precisa sempre de alguém que a proteja, a defenda, a aconselhe, a aplauda e a estimule.
- O inseguro é carcomido pela necessidade de sobressair dos demais.
- Em relação aos próprios sentimentos, ora é alienado, não tendo a certeza do que gosta e do que o aborrece, do que tem medo ou lhe causa ressentimentos, ora expõe os seus desejos e planos sem freios e numa linguagem infantil.
Convence-se que não merece ser amado e de que é incapaz de aceitar que o amem.
Não consegue manifestar sentimentos de amor por alguém.
Diante de um fracasso, arma-se de derrotismo e vê uma tragédia em tudo.
- O inseguro isola-se, sem vibrar com os outros; outras vezes tem eufóricas explosões de riso quando mais ninguém está a rir.
- Sente-se bem andando com crianças ou com adolescentes .
Mas se alguém lhe aponta a imaturidade, o infantilismo, magoa-se e ofende-se até às lágrimas.
A insegurança (com diversidade de graus) está presente ao longo de toda a vida da pessoa.
Pode estar mascarada de muitas maneiras: autoritarismo ou, pelo contrário, excesso de permissividade.
O boneco de vidro - O boneco de vidro é extremamente vulnerável; a menor pancada o reduz a estilhaços.
Por isso, deve ser manipulado com mãos de veludo.
O indivíduo inseguro desmorona-se à menor oposição ou contrariedade.
O boneco de vidro não suporta pancadas.
A opinião dos outros é suficiente para atingir a vulnerabilidade do inseguro.
É que se sente carente de aprovação e afirmação.
São pessoa vorazes de aprovação e de atenção.
Ao executarem alguma tarefa ficam em suspenso aguardando a aprovação e o elogio dos outros, provocando-os até com olhares ansiosos.

Tirado de PIO JOSÉ SOLDERA, Dinâmicas de realização pessoal, Ed. A.O., Braga, 1991.

(Continua)

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

CARVALHOS QUE TREMEM

albanosousanogueira@sapo.pt
-------

Todas as pessoas são atingidas pelas experiências que o meio-ambiente, feito de eventos, coisas e pessoas, lhes oferece.
E cada experiência sofrida deixa marcas no indivíduo, as quais vão sendo absorvidas pela sua personalidade, terminando por elaborar-lhe um determinado carácter.
Portanto, todas as experiências ficam integradas na personalidade e perduram pela vida fora.
É como se tivéssemos em nós 3 bonecos feitos de diferentes materiais: vidro, plástico e ferro.
Se lhe dermos um golpe de martelo igual em cada um, as consequências serão bem diferentes.
Nós não somos bonecos, mas vivemos expostos a muitas marteladas, que são as experiências que nos atingem e que deixam as respectivas marcas.
A reacção é diferente devido às seguintes causas:
1) Hereditariedade - o que herdamos dos nossos pais e antepassados;
2) Educação - o que recebemos pela formação e cultura;
3) Ambiente que nos rodeia e as influências dos outros, do clima, da natureza.
Tal como as árvores, nós sofremos muitos vendavais.
Algumas pessoas são tão vulneráveis que são atingidas e marcadas até por suaves brisas.
Todas se abalam.
Porém, cada um responde a seu modo.
Uns aguentam-se, outros não, tropeçam na caminhada.
É que há um sentimento que se carrega na fragilidade humana e que faz a pessoa tremer como tremem os carvalhos sacudidos pelos ventos.
Essa incerteza de sucesso chama-se insegurança.
Os homens andam sempre à busca de novos pontos de apoio para tentar erguer o mundo da sua realização, mas não o encontram tão facilmente, pois detêm-se em superficialidades em vez de ir ao essencial.
Busca-se a segurança nas coisas, nas quinquilharias, no dinheiro, nas casas, nas práticas vistosas, nos sucessos, nos outros, etc.
A insegurança é uma experiência que desencadeia outras experiências, de dor pelo medo, pela inibição e pela vergonha que suscita ao ver-se bloqueada diante do sucesso.
Vejamos algumas manifestações fisiológicas da insegurança - asma, gaguez, irupções na pele (alergias); espasmos de estômago, formação de gases e falta de capacidade digestiva.
Toda a gente, em algum momento sente insegurança.
O problema é quando a pessoa vive sempre na insegurança, na corda bamba, sem ter confiança em si mesma.
Tirado de PIO JOSÉ SOLDERA, Dinâmicas de realização pessoal, Ed. A.O., Braga, 1991. (continua)

(Pe. Albano Nogueira)

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A REALIZAÇÃO PESSOAL

---------------------------------
"O maior bem que fazemos aos outros não é dar-lhes riqueza, mas mostrar-lhes as suas próprias riquezas" - Cardeal Suenens.
-
"A palavra, o sorriso, o ser e o coração de uns podem alimentar os outros e fazer renascer neles a confiança.
Às vezes, é dar a partir de um cesto vazio.
Quando me sinto vazio por dentro, posso dar uma palavra que alimenta; quando estou angustiado, posso transmitir a paz.
Só Deus pode fazer tais milagres". Jean Vanier.

INTRODUÇÃO

A vida ensina mais através dos fracassos do que dos sucessos.
As pessoas têm vida e procuram buscar uma vida cada vez mais intensa. Algumas vezes acertam e dão-se por realizadas; muitas vezes tropeçam, frustram-se e param sem saber o que fazer com as suas frustrações e limitações.
O Homem é um ser em caminhada rumo a uma meta.
Na caminhada os Homens tropeçam e fazem tropeçar; empurram os outros, colocam obstáculos e até destrõem outros.
O que menos fazem é harmonizar-se, dar-se as mãos, confraternizar e comprometer-se a tornarem-se reciprocamente melhores.
As ambições acenderam-se em fogueiras devoradoras, alimentadas por ciúmes e invejas, que lançam os Homens numa louca corrida de competições.
Com isso sentem-se mal, cegos, surdos e mudos para se promoverem.
Apesar da luta ser necessária, ela pode ser uma competição pacífica, competir sem destruir.
Na nossa sociedade a ânsia de poder, pela superioridade, pelo amealhamento de bens, é incontida em nome da civilização!...
O ciúme e a inveja, as iras e as aspirações, as tiranias e as subserviências interesseiras, não poupam nenhum coração humano a não ser aqueles que já foram confirmados na graça.
Segundo o Génesis, quando Deus criou o mundo, viu que tudo era bom (1,31).
Assim, a pessoa pode continuar a obra criadora, tirando a bondade que está dentro de si mesma, para acordar e suscitar a bondade que está no íntimo do seu irmão.
Esta é a suprema tarefa a que somos chamados:
Ser BOM e ajudar os outros a SEREM BONS.
As duas maiores emoções humanas são o amor e o ódio.
O amor constrói; o ódio destrói.
O amor faz a pessoa feliz.
O ódio faz a pessoa infeliz.
O amor cria o Céu na terra.
O ódio cria o Inferno na terra.
É infeliz o homem que não tem amigos.
A amizade humana é um dom que se cultiva passando por muitos riscos, mas que são necessários para a realização.
É fascinante acender luzes nas mentes humanas por meio dessa ciência cujo objecto é a sabedoria do ser humano e desvendar os mistérios que se aninham no seu íntimo.
O sofrimento está acampado entre os seres humanos.
Não bastam os comprimidos.
É necessário uma palavra de confiança, uma mão estendida para ajudar a levantar os que sofrem e vivem prostrados.
Deus conta contigo.
Em vez de criticares os defeitos doutros,
ajuda-os.
Tu também tens muitos defeitos
e queres ser ajudado, mesmo assim...
--
(continua)

(Tirado de: PIO JOSÉ SOLDERA, Dinâmicas de realização pessoal, Ed. A.O., Braga, 1991. )


sábado, 24 de julho de 2010

CRESCER NA FÉ



Vivemos num mundo que há muito perdeu o direito de ser chamado “cristão”. Vivemos num mundo neo-pagão.
Os valores que hoje imperam não são cristãos, são pagãos.
O relacionamento estabelecido entre as pessoas não é fraterno.
Na maioria das vezes é apenas interesseiro.
Por vezes, ouve-se que, o que é preciso, é cada um cuidar da sua vida e procurar sobreviver.
Os meios de Comunicação Social todos os dias dão notícias pouco animadoras, muitas notícias más: cenas de assaltos, roubos, insegurança, violência e degradação humana tornam-se lugar-comum.
Guerras, assassinatos a sangue frio por interesses mesquinhos, já não nos incomodam muito.
Já nos habituamos a ver e a ouvir tantas desgraças e misérias que acabamos por aceitar essas imagens no nosso dia-a-dia como algo inevitável, como algo que sempre vai acontecer e já não tem solução.
Perante isto que fazemos nós? Nada.
E com isso ficamos de consciência tranquila e cruzamos as mãos.
Podemos até dizer: se ninguém faz, porque havemos nós de fazer?
É neste quadro de realidade que o cristão vive desde a sua infância e é chamado a crescer na fé e a se desenvolver.
O cristão é chamado a dar uma resposta positiva neste mundo negativo de maldade e de pecado.
A nossa resposta tem de ser dada no CONHECIMENTO da fé, na CELEBRAÇÃO da fé e no VIVER a fé com entusiasmo, com vontade de viver, com alegria, com esperança, com caridade, para que o nosso testemunho de amor ajude a curar este mundo tão doente.
Temos de ser cristãos num mundo de valores pagãos.
O nosso testemunho de vida é fundamental para ajudar a transformar o mundo à nossa volta.
Mas antes de transformar o mundo, temos de deixar que Deus nos transforme a nós mesmos.
Jesus Cristo conta contigo, comigo, connosco.
Ele enfrentou o mundo com as suas dificuldades: teve de morrer, mas venceu com a força do amor de Deus pela ressurreição.
Diz sim a Jesus Cristo.
Diz sim à Igreja Católica e Jesus Cristo estará sempre contigo e o seu amor vai ajudar-te a cumprir a tua missão no mundo.

Pe. Albano Nogueira

quinta-feira, 8 de julho de 2010

A VIDA CONSAGRADA A DEUS E AOS OUTROS



A vida é um dom que nós recebemos de Deus através dos nossos pais.
Seria bom que cada pessoa sentisse a sua vida como um presente de Deus não apenas para si, mas também para os outros.
A maturidade de uma pessoa, caracterize-se, entre outras coisas, na forma como é generoso, se se dá aos outros, se colabora em causas voluntárias, sociais, religiosas.
Uma pessoa chega à maturidade na medida em que superou, nem sempre totalmente, pois isso seria a perfeição, mas superou, em grande parte, o seu egoísmo próprio da infância, adolescência e da sua juventude e se abre ao altruísmo= fazer bem aos outros, dar-se aos outros, viver para os outros.
Ao superar o egoísmo que a encerra em si mesma, a pessoa abre-se aos outros numa vida relacional, de partilha, de generosidade, de amizade, de doação, de entrega e pode seguir dois caminhos:
- a vida matrimonial onde um homem se dá a outra mulher, e vice-versa,
- a vida consagrada celibatária (masculina ou feminina).
Hoje alguns e algumas não casam, por egoísmo, mas também não são celibatários.
Exercem uma vida sexual sem compromissos, instintiva, uma afectividade pobre, que não lhes traz verdadeira felicidade.
Querem gozar a sexualidade no que ela tem de prazer, de satisfatório, tantas vezes sem amor, mas não querem compromissos, não querem as exigências do amor que traz sempre alguma cruz, alguma morte, alguns sacrifícios.
A vida consagrada de sacerdote, de missionário, de religioso(a), ou a vida de um leigo consagrado no mundo hoje tem pouco interesse para os jovens, é pouco atractiva e quando se fala disso, as pessoas riem-se…
Há pouquíssimos candidatos a esta vida de consagração tanto masculina, como feminina.
A vós, pais, que me ledes, dizei aos vossos filhos que a vida consagrada, tanto masculina como feminina, é uma vida muito bela, grande, cheia, porque é sinal de um chamamento de Cristo a uma vida de doação aos outros de forma.
Hoje, as pessoas têm uma vida rasteira, vazia, com pouco sentido, às vezes, sem nenhum sentido porque falta Deus e porque falta o amor aos outros.
Só têm egoísmo, amor a si mesmas.
A vida sem sentido, vazia, inútil é a vida egoísta daquele e daquela que só pensa em si, só se preocupa consigo e nada faz pelos outros.
Pais que me ledes: sede amigos dos vossos filhos a sério e chamai-os a colaborar nas tarefas de casa. É aí que se começa a aprender que a vida não é só receber que leva a pessoa a tornar-se egoísta.
A vida é também dar, dar-se, fazer alguma coisa pelos outros…
As férias são uma boa oportunidade para os filhos ajudarem os pais nas tarefas de casa e aprenderem a serem altruístas.
A vocação consagrada surge, cresce e amadurece na pessoa altruísta que, em casa, na paróquia, numa associação, num grupo, aprende a fazer alguma coisa pelos outros.

««««««««««««««««««««««««««««««««««««

A vós, crianças, adolescentes e jovens, que me ledes, vos peço: pensai na vossa vida, nosso vosso futuro.
Não vos contenteis com uma vida egoísta, vazia, mesquinha.
Pode dar-vos gozo, prazer no momento, mas no futuro tereis uma vida com pouco sentido, muito pequena…
Rezai a Jesus para que vos ilumine.
Pensai que Jesus Cristo precisa de vós.
Pensai no bem que podeis fazer pelos outros e encher a vossa vida de significado…
Pensai que a maior felicidade de uma pessoa é aquilo que faz pelos outros, por vezes de forma desinteressada, gratuita.
Pensai na vida consagrada.
Podeis fazer, por exemplo, uma experiência num seminário, num colégio de religiosas, numa actividade de voluntariado em lares de criança, idosos, em terras de missão.
Há jovens que vão com os missionários 15 dias, um mês de férias para terra de missão, para outros países ajudar gratuitamente os outros.
Pensai nisso, não tenhais medo, nem ligueis aos risos dos colegas.
Os que rirem, riem porque não entendem o que é A VIDA GRANDE…
Sabem apenas um pouco do que é a vida pequena, a vidinha rasteira e medíocre que levam…
Que Deus vos ilumine acerca da vossa vocação e vos abençoe a todos…

O vosso amigo Pe. Albano Nogueira

terça-feira, 29 de junho de 2010

EU PATRÃO OU EU SERVO


Cada um de nós tem uma forma de ser e de estar na vida.
Este título indica dois modos extremos de estar na vida, contrários.
A sociedade de hoje convida a pessoa a estar na vida como um “Eu patrão”.
Eu penso, eu posso, eu quero, eu mando, eu gosto, eu faço, eu vou, eu sigo…
Sou dono de mim mesmo… Sou senhor de mim mesmo…
Sou o deus de mim mesmo…
Não me interessa o que Deus manda, o que agrada a Deus…
Não me interessa os direitos dos outros…
Sigo os meus caprichos, os meus apetites, os meus desejos, sigo a minha vontade, o que me agrada…
Penso que sou livre e faço o que me apetece, o que me agrada, o que me convém…
Este é um “EU PATRÃO” que vai entrar em conflito com a vontade de Deus e com os direitos dos outros e até, com a minha dignidade humana…
Pois se fizer só o que me agrada, o que me apetece, o que me convém… corro o risco de me degradar até a mim mesmo.
Este é uma forma arrogante, orgulhosa, soberba de estar na vida…
Muito diferente da mentalidade do evangelho…
O evangelho diz-nos que devemos ter um “EU SERVO”, servidor, obediente, ser uma pessoa que serve, que é humilde, simples, manso, generoso, bom…
Cristo veio servir, não veio mandar…
Maria foi a “serva” do Senhor…
Cristo não foi “patrão”, não mandou. Obedeceu…
Não fez a Sua vontade, mas a vontade de Deus…
Foi humilde, manso, simples, bom…
O modelo do cristão é Jesus Cristo… Não é o mundo… a Carne…
O “EU PATRÃO”, traz luta, conflito, guerras, rupturas, desavenças com os outros, pecado, tristeza, dor, sofrimento, infelicidade, desgraça, perdição…
O “EU SERVO” traz paz, harmonia, bem-estar, sossego, tranquilidade, santidade, virtude, felicidade, alegria, graça, salvação.
A ti meu irmão que me lês, medita,
pensa na forma como estás a viver e a ser…
Se estás a ser um “EU DE PATRÃO” ou um “EU DE SERVO”?
Olha para Jesus… Olha para Maria… Olha para os santos e aprende a viver servindo na mansidão, na humildade, na simplicidade.
Deixa a soberba, a arrogância, a vaidade, os caprichos e imita Jesus.
A Tua vida terá outro sabor… Outra cor… E serás muito mais feliz…
Que Deus Te abençoe neste dia do martírio de S. Pedro e de S. Paulo

P. Albano Nogueira

quarta-feira, 16 de junho de 2010

ENCERRAMENTO DO ANO SACERDOTAL

albanosousanogueira@sapo.pt
http://deixadeusentrar.blogspot.com

Neste Ano Sacerdotal olhámos para Cristo Sacerdote: só Ele faz a ponte entre o Coração de Deus e a humanidade peregrina pela vida.
No meio de tantos vazios de sentido e de futuro, entre concepções demasiado sociais da Igreja, é preciso anunciar a novidade guardada por Deus para nós: Jesus Cristo abre um futuro de plenitude para o homem e vive na Igreja para oferecer a comunhão eterna com Deus.
Cristo Sacerdote continua a procurar os homens imersos nas suas debilidades e feridas, a chamar à união numa só família, a iluminar com a clareza da verdade definitiva.
Por isso, os seus gestos e a sua palavra na vida da Igreja, a força do seu Espírito e a radicalidade do seu amor neste Povo Sacerdotal, são vitais e insubstituíveis no seio do nosso mundo.
Em segundo lugar, olhámos para os ministros do Sacerdócio de Cristo, sacerdotes ao serviço de Cristo, da Igreja e do mundo.
Ao longo do ano, a renovação deste olhar foi um caminho cheio de interpelações, quer para leigos, quer para sacerdotes: olhar de gratidão, olhar de súplica, olhar de conversão.
O Santo Padre começou sempre, tal como em Fátima, por olhar com gratidão e afecto para os sacerdotes: «A todos vós que doastes a vida a Cristo, desejo nesta tarde exprimir o apreço e reconhecimento eclesial. Obrigado pelo vosso testemunho muitas vezes silencioso e nada fácil; obrigado pela vossa fidelidade ao Evangelho e à Igreja» (Discurso do Papa Bento XVI aos Sacerdotes e Consagrados, em 12.05.2010).
Os sacerdotes são, em si próprios, um dom da presença de Cristo que Lhe agradecemos; mas são também inúmeras histórias silenciosas e permanentes de serviço, doação e peregrinação sobrenatural.
Mas à gratidão associou-se sempre a súplica: multiplicaram-se as orações em tantas comunidades, pedindo a força de Deus para a fidelidade dos sacerdotes.
Esta súplica ultrapassa o conhecimento das dificuldades e pecados sacerdotais: trata-se de pedir e colaborar para que o Amor de Cristo seja inteiro e transbordante na vida dos sacerdotes.
Essa é a resposta à exigência de santidade inscrita na vocação de todos os cristãos e, em particular, dos sacerdotes.
A santidade é um desafio de fidelidade integral.
A fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor.
A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote».
Desta fidelidade depende também, em parte, a fecundidade da missão da Igreja.
A gratidão e a súplica são genuínas quando desabrocham em corações abertos à conversão verdadeira e integral.
E esse foi o principal desafio deste Ano Sacerdotal: conversão a Cristo Sacerdote e conversão à forma como Cristo quer os sacerdotes.
O amor de Cristo e da Igreja pelos sacerdotes foi e é um tremendo apelo à autenticidade e santidade sacerdotal.
Terminamos o Ano Sacerdotal mas continuamos o amor sacerdotal. Amar Cristo Sacerdote e amar os ministros do Sacerdócio de Cristo: eis o apelo que perdura para além deste ano, eis o desafio a leigos e sacerdotes empenhados na construção da comunhão eclesial.

quinta-feira, 10 de junho de 2010

ORAR É ACEITAR

“Senhor, preciso da vossa companhia. Sem ela, nada se pode fazer de bom. Pela vossa misericórdia ajudai-me a continuar aquilo que comecei na minha vida. Dá-me a Tua luz, Senhor, para que veja que aquilo que faço está o bem que queres para mim”.

Ora é ACEITAR-ME
Que significa aceitar-me?
Significa conhecer todas as minhas capacidades, potencialidades e valores; mas conhecer também os meus limites.
Amar o que sou.
Significa também gozar por ser o que sou e como sou:
“Pela graça de Deus sou o que sou”.
Se sou obra de Deus, se Ele mesmo me modelou e pensou em mim desde toda a eternidade, tenho todas as razões para me aceitar e ser feliz. Porque me custa tanto aceitar-me?
Porque invejo ser como os outros?
Invejo o que eles são. Invejo o que eles têm…
Em vez de valorizar o que sou e o que tenho…
Conto, ou história: a água que queria ser fogo.
“Já estou cansada de ser fria e de correr rio abaixo.
Preferia ser formosa e acender entusiasmos. Fazer acender o coração dos namorados. Ser vermelha e quente.
Dizem que eu purifico o que toco, mas o fogo tem uma força mais purificadora. Queria ser fogo e chama”.
Assim pensava a água e decidiu escrever uma carta a Deus para pedir que mudasse a sua identidade, queria ser mudada para fogo. Ser mais forte, mais intensa.
Todas as manhãs a água esperava uma resposta de Deus. Um dia chegou uma carta trazida por uma lancha rápida e deixou cair uma carta muito vermelha.
A água abriu-a e leu a resposta de Deus:
“Querida filha. Respondo à tua carta. Parece que te cansaste de ser água. Tenho pena porque tu não és uma água qualquer. Foi a tua avó água que me baptizou no rio Jordão e eu tinha destinado para cair sobre a cabeça de muitas criancinhas. Tu preparas o caminho para o fogo do Espírito. O meu Espírito não desce a ninguém antes de ser lavado por ti. A água do baptismo aparece sempre antes que o fogo do Espírito”.
Enquanto a água lia a carta, Deus desceu e ficou a seu lado e, cheio de amor e compaixão, contemplou-a em silêncio. A água olhou para si mesma e viu o rosto de Deus nela reflectido. E Deus continuou a sorrir, esperando uma resposta.
A água compreendeu que o privilégio de reflectir o rosto de Deus só o tem a água limpa… Suspirou e disse: Sim, Senhor, serei o Teu espelho. Obrigada!”.
Há pessoas que não gostam de si mesmas. Não gostam de ser como são. Querem mudar de cara, de cabelo, de nariz, de olhos. Mudar a personalidade.

quarta-feira, 2 de junho de 2010

PERDÃO, SENHOR


Perdão, Senhor!
Embora bem-intencionado, nem sempre aceitei…
Eu queria ser flor e fui espinho;
Queria ser um sorriso e fui mágoa;
Queria ser luz e fui trevas;
Queria ser estrela e fui eclipse;
Queria ser contentamento e fui tristeza;
Queria ser amigo e fui adversário;
Queria ser força e fui fraqueza;
Queria ser o amanhã e fui o ontem;
Queria ser paz e fui guerra;
Queria ser vida e fui morte;
Queria ser sol e fui escuridão;
Queria ser calma e fui tumulto;
Queria ser sobrenatural e fui terreno;
Queria ser lenitivo (alívio) e fui flagelo;
Queria ser AMOR e fui decepção.
Recebe, Senhor, em Tuas mãos de misericórdia.
E perdão infinito, o gosto amargo
E contrito desta minha oração.
Roque Scnheider, S.J.

sexta-feira, 28 de maio de 2010

COMO O BARRO NAS MÃOS DE DEUS


Como o barro em tuas mãos, Senhor
transforma-me, Senhor;
modela-me como Tu.
Quero ser fiel, quero ser fiel a Ti, meu Jesus.
Quero obedecer-te, Senhor.
«««««««««««««««««««««««««««««««

Não quero ser CRISTÃO DE ÁGUA,
só de nome, só por ter sido baptizado.
Católicos não praticantes, só contam para as estatísticas,
mas não celebram a sua fé.
Cristãos católicos do "faz de conta",
Filhos de Deus que esqueceram o Pai.
A água escorre e desaparece.
Já passou, já foi praticante, agora não é.
««««««««««««««««««««««««««««
Não quero ser CRISTÃO DE AR.
Como as andorinhas que vão e que vêm.
Aparecem umas vezes e desaparecem outras.
Vêm algumas vezes à igreja: baptismo, 1ª comunhão,
profissão de fé, crisma, casamento e pouco mais.
Não são constantes, permanentes.
««««««««««««««««««««««««««««
Não quero ser CRISTÃO DE CHUMBO.
São os fanáticos, os radicais.
Andam muito pela igreja, mas sempre a criticar,
a apontar os defeitos dos outros.
Rezam, mas não se comprometem na
transformação do mundo e do seu ambiente.
««««««««««««««««««««««««
Quero SER CRISTÃO COM QUE JESUS SONHOU,
um cristão de barro.
O barro deixa-se moldar,
ganhar a forma que o oleiro lhe quiser dar.
Quero comprometer-me com Cristo,
com a Igreja Católica, com a família,
com o meu ambiente
para procurar solução para os problemas.
É barro porque é flexível nas mãos de Deus
e leva dentro de si os tesouros da graça divina.
Ajuda-me, Senhor, a ser barro nas tuas mãos,
que se deixa moldar por ti
para ser teu mensageiro da paz, da fé,
da esperança, do amor.
Amen.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

ORAR É RECONHECER-SE PECADOR



Orar é RECONHECER que somos pecadores como Pedro que se deixou guiar pelo Mestre e lançou as redes onde durante toda a noite nada tinha pescado.
Sabemos o que se passou depois: pesca milagrosa, muitos peixes, as redes quase se rompiam…
Ao ver isto, Pedro exclamou: “Senhor, tem piedade de mim que sou um homem pecador…”.
O que aos homens parece impossível, às vezes, de repente, o Senhor torna-o possível.
Qual foi a tua reacção?
Somos pecadores, fazemos o mal que não queremos e deixamos de fazer o bem que queremos.
Mas se somos pecadores, Tu, Senhor, és o nosso Pai, Tu perdoas, esqueces e aceitas… por isso, recorremos a Ti com fé e confiança, sabendo que nunca rejeitas os teus filhos que vêm a Ti com dor no coração.
Jesus disse a Pedro: “Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens”. Então levaram as barcas para terra. Deixaram tudo e seguiram Jesus.
Faz uma paragem, reconhece o amor de Deus por ti que nunca falta, pede-Lhe perdão pelas vezes que não Lhe correspondes aos Seu amor.
---------------------------------
Orar é RECONHECER que o Senhor me confia uma missão.
Primeiro ensina-nos a escutar a sua voz.
Com o tempo descobre-nos essa razão última que dá sentido à nossa vida: o que quer de nós…
A nossa missão é única e irrepetível.
Ninguém pode substituir-nos.
Jesus necessita das nossas mãos para abençoar,
Jesus necessita dos nossos pés para caminhar ao encontro dos outros,
Jesus necessita da nossa boca para falar
Jesus necessita do nosso coração para amar e isto sempre de modo concreto.
Somos o Seu corpo aqui e agora.
Alguma vez perguntaste a Jesus: “Senhor, que queres de mim?”.
Se Jesus te chamasse, qual seria a tua resposta.
O pai, a mãe às vezes, pedem ajuda aos filhos: vai fazer isto, preciso que me faças isto.
Mas os filhos também podem perguntar:
Mãe, pai, precisam de alguma coisa que eu faça? Posso ajudar?
Com Deus temos nós de fazer muitas vezes esta pergunta.
“Senhor, que posso fazer eu por Ti? Em que posso ajudar?”.
Outras vezes o Senhor pede ajuda pela boca do pai, da mãe, de um sacerdote, de um catequista, etc...
O Senhor precisa de ajuda. Não devo pensar só no que Deus pode fazer por mim, no que Deus me pode dar.
Tenho de pensar também: o que é que eu posso dar a Deus, que é que eu posso fazer pelo Senhor, pela Igreja, pelos outros…
O Senhor precisa de mensageiros, de apóstolos, de testemunhas que digam aos homens o quanto Deus os ama, que ensinem a conhecer e amar a Deus, que O sigam.
Nós não somos nada, não somos dignos, mas o Senhor precisa de nós como voluntários.
Se nós fizermos a nossa parte, Deus fará o resto.
Se eu não fizer, Deus também não o fará.
O que é preciso é dizer: “Senhor, aqui estou.
Podes contar comigo”.
Pe. Albano Nogueira

sexta-feira, 7 de maio de 2010

PARADOXOS (CONTRADIÇÕES) DO NOSSO TEMPO

Vejamos algumas contradições dos nossos dias.

- Temos edifícios mais altos e pavios mais curtos.
- Temos estradas mais largas e pontos de vista mais estreitos.
- Gastamos mais, mas temos menos e ficamos cheios de dívidas.
- Compramos mais, mas desfrutamos menos.
- Temos casas maiores cheias de móveis, mas famílias mais pequenas, onde falta o calor humano.
- Mais comodidades, mas menos tempo.
- Temos graus académicos, mas menos entendimento.
- Mais conhecimento e menos poder de discernimento.
- Mais peritos, mas ainda mais problemas.
- Mais medicina, mas menos bem-estar.
- Bebemos muito, fumamos muito, comemos muitos, mas mais doentes.
- Gastamos de forma excessiva, mas rimos muito pouco.
- Guiamos muito depressa e irritamo-nos muito facilmente.
- Deitamo-nos muito tarde para viver e gozar mais a vida, para acordarmos muito cansados e mais mortos do que vivos.
- Lemos muito pouco, vemos muita televisão, mas só rezamos de vez em quando ao nosso Bom Deus.
- Multiplicamos as nossas posses, mas reduzimos os nossos valores.
- Falamos muito e dizemos pouco ou nada de interesse.
- Raramente amamos e odiamos com muita frequência.
- Aprendemos a ganhar dinheiro para viver, mas não aprendemos a VIVER.
- Adicionámos anos à vida, mas não vida aos anos.
- Já fomos à lua e dela voltamos, mas temos dificuldade em atravessar a rua para saudar o nosso vizinho.
- Conquistámos o espaço exterior, mas não o espaço interior.
- Fizemos coisas maiores, mas não coisas melhores.
- Limpamos o ar, mas poluímos a alma.
- Dominámos o átomo, mas não os nossos preconceitos.
- Escrevemos mais, mas aprendemos menos.
- Planeámos mais, mas realizamos menos.
- Aprendemos a viver depressa, mas não a esperar.
- Existe muito envolvimento sexual entre as pessoas, mas pouco amor.
- O nosso tempo tem homens grandes, mas pequenos de carácter.
- Grandes lucros e relações superficiais.
- São tempo de dois salários, mas de mais divórcios.
- Casas mais luxuosas e mais lares desfeitos.
- Tempo do descartável: fraldas, viagens rápidas, valores morais descartáveis, relações de uma só noite, corpos obesos, e pílulas que fazem tudo: levantar ânimo, deprimir e até matar
- No nosso tempo, as pessoas gozam mais, mas são mais infelizes.
- Há abundância de bens materiais e vazio de bens espirituais.
- O Homem tornou-se um deus bem mortal e o Deus Imortal deixou de fazer falta.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

A SAMAMBAIA E O BAMBU


Confia em ti mesmo, que Deus também confia em ti.
Certo dia decidi dar-me por vencido.
Renunciei ao meu trabalho, às minhas relações, e à minha fé.
Resolvi desistir até da minha vida.
Dirigi-me ao bosque para ter uma última conversa com Deus.
“Deus, eu disse:
Poderias dar-me uma boa razão para eu não entregar os pontos?”
Sua resposta me surpreendeu:
“Olha em redor Estás vendo a samambaia e o bambu?”
“Sim, estou vendo”, respondi.
Pois bem. Quando eu semeei as samambaias e o bambu, cuidei deles muito bem.
Não lhes deixei faltar luz e água.
A samambaia cresceu rapidamente.
Seu verde brilhante cobria o solo.
Porém, da semente do bambu nada saía.
Apesar disso, eu não desisti do bambu.
No segundo ano, a samambaia cresceu ainda mais brilhante e viçosa.
E, novamente, da semente do bambu, nada apareceu.
Mas, eu não desisti do bambu.
No terceiro ano, no quarto, a mesma coisa…
Mas, eu não desisti.
Mas… no quinto ano, um pequeno broto saiu da terra.
Aparentemente, em comparação com a samambaia, era muito pequeno , até insignificante.
Seis meses depois, o bambu cresceu mais de 50 metros de altura.
Ele ficara cinco anos afundando raízes.
Aquelas raízes o tornaram forte e lhe deram o necessário para sobreviver.
“A nenhuma de minhas criaturas eu faria um desafio que elas não pudessem superar”
E olhando bem no meu íntimo, disse:
Sabes que durante todo esse tempo em que vens lutando, na verdade estavas criando raízes?
Eu jamais desistiria do bambu. Não desistiria de ti.
Não te compares com outros”.
“O bambu foi criado com uma finalidade diferente da samambaia, mas ambos eram necessários para fazer do bosque um lugar bonito”.
“Teu tempo vai chegar” disse-me Deus.
“Crescerás muito!”
Quanto tenho de crescer? perguntei.
“Tão alto como o bambu?” foi a resposta.
E eu deduzi: Tão alto quanto puder!
Espero que estas palavras possam ajudar-te a entender que Deus nunca desistirá de ti.
Nunca te arrependas de um dia de tua vida.
Os bons dias te dão felicidade.
Os maus te dão experiência.
Ambos são essenciais para a vida.
A felicidade te faz doce.
Os problemas te mantêm forte.
As penas te mantêm humano.
As quedas te mantêm humilde.
O bom êxito te mantém brilhante.
Mas, só Deus te mantém caminhando...
Evangelize!!!!!

(Obrigado Rosa pelo texto enviado)
Rosa Silva

quarta-feira, 21 de abril de 2010

6. ORAR É RECONHECER


ORAÇÃO E RECONHECIMENTO DE CRISTO
“Os discípulos de Emaús reconheceram Jesus ao partir do pão” (Lc. 24)
O desejo da nossa vida, consciente ou inconsciente, é ver o rosto de Deus. É o Teu rosto que nós buscamos, Senhor, nenhuma outra realidade nos pode satisfazer.
Mostra-nos as maravilhas da Tua misericórdia.
Ajuda-nos, Senhor, a aprender a reconhecer o teu selo, a tua marca na n/ vida para entender a Tua ternura infinita para connosco.
Saboreai e vede como o Senhor é bom.
Aperfeiçoemos os nossos sentidos para experimentar a presença de Deus e viver como o maior gozo, a maior alegria da vida.
Oremos para RECONHECER Jesus.
Como os discípulos de Emaús.
Estavam frustrados, vazios, desanimados, incapazes de O reconhecer, apesar de estarem na Sua presença.
Essa presença que enche de alegria e os converte em testemunhas da ressurreição.
Quantas vezes, na nossa vida, estamos cheios de frustrações, desanimados, desiludidos!
Jesus acolhe-nos tal como somos, parte do nosso desalento e a Sua Palavra devolve-nos a alegria perdida.
Orar é RECONHECER que, como Jesus, somos filhos predilectos do Pai: “Tu és o meu filho muito amado, tu és o meu encanto…”.
Não é fácil escutar esta voz doce e suave, este murmúrio, no meio dum mundo cheio de palavras que gritam precisamente o contrário.
Esta voz doce e suave no nosso íntimo que nos chama “meu amado”, chega-nos por muitos caminhos, por aquelas pessoas que cuidaram de nós com carinho e amor.
Sempre que ouvires com grande atenção esta voz que te chama de “meu amado”, descobrirás dentro de ti o desejo de a escutar intensamente e para sempre.
“Quero que saibas que é um filho (a) amado de Deus.
És maravilhoso aos seus olhos.
Quando as coisas se tornarem difíceis na tua vida e a vida te pareça uma carga, recorda sempre que és amado por Deus com amor eterno.