Número total de visualizações de páginas

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

A QUESTÃO DE DEUS



albanosousanogueira@sapo.pt
http://deixadeusentrar.blogspot.com/

A QUESTÃO DE DEUS

Podemos falar de Deus a partir de cima, do próprio Deus revelado na Sagrada Escritura, seguindo o método indutivo ou podemos falar de Deus a partir de baixo, das coisas criadas, a seguindo o método dedutivo.
Se um amigo nos disser que viu outra pessoa passar na praia e merecer crédito nós acreditamos no testemunho dessa pessoa, embora não tenhamos visto esse acontecimento. É o que muitas vezes fazemos de Deus: aceitar o que outros viram e ouviram e deixaram por escrito na Bíblia acerca de Deus.
Mas se nós virmos na praia umas pegadas na areia de uma pessoa ou de um animal que tenha passado, nós pensamos e deduzimos (concluímos) que por ali passou gente ou um animal pelas marcas. Nós não vimos, mas há uma marca, um sinal, uma pegada e sabemos a certeza que por ali passou alguém ou um animal.
É isso que podemos fazer muitas vezes em relação a Deus. Quem tem fé conclui, deduz que há Deus e aceita também o que dele está escrito na Bíblia.
“Deus não fala, mas para quem acredita, tudo fala de Deus”.


1- A existência do ser humano inclui uma tendência para um Ser Absoluto no existir, na verdade, na vida e que a revelação cristã descreve com a palavra DEUS.
O estudo dos povos primitivos diz-nos que os homens sempre acreditaram num ou em mais seres superiores, acreditaram num Deus ou em vários deuses.
Com a revelação do Antigo Testamento a ideia e o conceito de Deus foi-se purificando e aperfeiçoando, passando Deus a ser compreendido como Alguém que não se consegue atingir, que ultrapassa a inteligência humana. Por isso, se torna difícil falar de Deus.
A questão de Deus mexe com toda a existência humana. Por isso, o homem não se pode calar perante a realidade que é Deus.


2- O homem vive o mistério de Deus como uma certa ausência de Deus. Deus e o homem afastaram-se bastante um do outro e Deus parece que se escondeu aos olhos dos homens. Por isso, torna-se muito difícil conhecê-l' O.

Não é fácil provar a existência de Deus, pois Ele nem sempre é evidente.
Deus como que vive escondido do homem e não é muito evidente porque é Invisível, não palpável.
Hoje muita gente só acredita naquilo vê, ouve, toca, experimenta e Deus não é desta dimensão natural. É SOBRENATURAL.


3- Como Deus não é totalmente evidente surgiu o fenómeno da negação de Deus, chamado ateísmo. O ateísmo é uma doutrina que professa que não há Deus.

O ateísmo teórico afirma que não há Deus. Claro que as razões invocadas não são suficientes para justificar o ateísmo teórico. Pode justificar o ateísmo prático, isto é, uma maneira de viver a vida sem Deus, como se Deus não existisse, embora na cabeça muitas dessas pessoas tenham uma certa noção de Deus.
Há muita gente, inclusive católicos, que vivem um ateísmo prático, vivem na prática como se Deus não existisse: não praticam a religião, não rezam, não se relacionam com Deus ou porque as suas vidas não têm nada de Deus no sentido da verdade, da rectidão, da justiça, do amor, da fé, da solidariedade.
Se é muito difícil provar que Deus existe, ainda mais difícil provar que Deus não existe.
Por um acto da sua vontade o homem pode negar a Deus. Não é tanto uma descoberta da inteligência que leva a dizer que não há Deus. É antes um acto da vontade, uma decisão mais ou menos consciente que leva uma pessoa a não acreditar em Deus


A partir desta negação de Deus o ateu substitui essa fé em Deus, na fé em outros seres ou outras realidades. Deixa de adorar a Deus para adorar as coisas e as pessoas e faz idolatria.
É em termos da palavra e categoria 'Pessoa' que nós podemos falar de Deus.
A Bíblia ao falar de Deus apresenta-O como um ser pessoal no sentido da palavra DEUS abarcar a ideia de uma realidade individual, um sujeito, um 'EU' concreto e que, como tal, estabelece com os homens uma relação pessoal. Deus é 'Pessoa' porque se relaciona na liberdade e na dignidade com os humanos.

Na Sagrada Escritura Deus aparece a falar com o homem e a mulher usando, quase sempre, o pronome pessoal EU, dirigindo-se ao homem por um "tu".
Assim, ao falar de Deus, nós temos de falar de um SER PESSOAL, com atributos, com qualidades. Estes atributos humanos aplicados a Deus têm de ser purificados de todas as imperfeições, de todas as limitações.

Se dizemos que Deus é Bondade, ela é muito superior à bondade que possamos ver nas pessoas. A nossa bondade é limitada, a bondade de Deus não tem limites.
Poderíamos dizer que nós temos um pouco de Bondade, mas Deus é a Bondade.
O mesmo se diga da Vida, da Beleza, da Sabedoria, do Poder, da Liberdade, da Inteligência, da Generosidade, da Paciência, do Amor, etc...
Nós temos um pouco dessas qualidades: vida, beleza, sabedoria, poder, liberdade, amor, etc, mas podemos perder isso e muitas vezes perdemos. Deus é diferente. Em Deus essas qualidades fazem parte do seu ser. Por isso nunca as perde.
Deus é VIDA e nunca a perde; Deus é Poder e nunca o perde; Deus é a Sabedoria, o Amor, a Inteligência, etc, e nunca perde essas qualidades.

Nós só podemos falar de Deus de forma imperfeita. Mas depois de Deus se ter revelado, de se ter mostrado, de se ter dado a conhecer no Bíblia e em Jesus Cristo, podemos falar e conhecer melhor a Deus.
Pela revelação, Deus baixou até nós e comunicou connosco segundo a linguagem humana e tornou possível exprimi-l' O com palavras humanas, pois, pela criação e graças a ela, o homem é um ser chamado a falar de Deus e com Deus.
Deus aproximou-se de nós pela revelação Bíblica, pela comunicação com alguns homens em concreto e com um Povo e por essa revelação, nós percebemos que Deus não é uma ideia abstracta, ou o Ser Supremo.
Pela revelação ficamos a saber que Deus é o Senhor da História, que Deus se inclina para o homem, dá-lhe a sua graça, ama-o e salva-o.
Sabemos que a revelação maior de Deus foi em Jesus Cristo. Por isso, falar de Deus implica relacioná-l'O sempre com o aparecimento no mundo de Jesus Cristo, Deus e Homem ao mesmo tempo, Filho de Deus e Filho de Maria de Nazaré.
Assim, a imagem de Deus trazida pela revelação bíblica tem de ser apresentada sob a luz que vem de Cristo. Se não conhecermos Jesus Cristo, também não conhecemos a Deus. O que o Amor, a Verdade, a Santidade, a Misericórdia e a Justiça de Deus significam só o sabemos em face daquilo que Jesus Cristo nos revelou do próprio Deus.

Apesar de tudo o que Jesus disse e fez não é suficiente para provar a existência de Deus. Pois muitos viram milagres e ouviram o que Ele disse de Deus e mataram-no. Por isso não admira que continue a haver ateus =pessoas que não acreditam em Deus.
Mesmo depois da revelação, a pessoa humana, para acreditar em Deus tem de fazer uma opção, uma escolha: escolher acreditar em Deus ou não acreditar.
Se acreditar, esta opção compromete toda a sua vida para a renovar, a transformar e cada pessoas participar daquela VIDA ABUNDANTE que o Deus de Jesus Cristo nos tem para oferecer.
Deus é o amigo de TODAS AS HORAS. Não pode ser o 112, o bombeiro, o pronto socorro para quando estamos aflitos na vida. Isso é fazer de Deus um deus menor, um ídolo, um falso deus.

Deus é AMOR que a todos AMA e deseja SER AMADO, para dar mais sentido à vida humana em todas as idades e circunstâncias.

P. Albano Nogueira

1 comentário:

  1. Cheira bem. Parabéns. Será que só por Cristo e a Bíblia se chega a Deus? ....E os que nascem, sem mais hipóteses, mergulhados em outras religiões?...

    ResponderEliminar